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sábado, 15 de maio de 2010

AGRICULTURA ORGÂNICA

A estrutura fundiária do estado do Rio de Janeiro sofreu a influência do processo de imigração e colonização européia no século XIX, garantindo um espaço significativo para a pequena propriedade, de caráter familiar. Esta ajudou no estabelecimento de lavouras voltadas predominantemente ao mercado interno crescente da população da região metropolitana.
Em municípios como os de Nova Friburgo e Teresópolis, surgiu um novo perfil de agricultores, apelidados de "novos rurais". Estes, muitas vezes detendo uma formação universitária e provenientes de famílias de posse, foram responsáveis por disseminar nessas regiões um novo modo de pensar o meio rural, caracterizado pela preocupação com o mercado consumidor (qualidade sanitária e biológica dos alimentos, embalagens, mercados especializados) e pela introdução de um novo modelo de agricultura: a Agroecologia. As iniciativas desse grupo distinto de produtores, culmina na fundação da Abio em outubro de 1984, que se torna a primeira associação de produtores orgânicos do país.
No mesmo ano, a história da participação das administração estadual e municipais no incentivo à Agroecologia se inicia, oficialmente, com a assinatura da Carta de Petrópolis, na qual 21 Secretários de Agricultura comprometeram-se a desenvolver ações de políticas públicas. Em 1991 foi criada a Câmara Técnica para o Desenvolvimento da Agricultura Ecológica e, em 1997, entidades governamentais e não governamentais se unem para criar a "Rede Agroecologia, Rio", para fomentar a produção, pesquisa e ensino nessa área. Finalmente, no ano de 1999, um acontecimento importante para o setor foi a criação da Câmara Setorial de Agricultura Orgânica no Conselho Estadual de Política Agrícola e Pesqueira. As principais funções da Câmara são: identificar os principais problemas e desafios da pesquisa em Agricultura Orgânica, incentivar a agricultura familiar e fomentar a produção e o processamento de alimentos orgânicos envolvendo todos os elos da cadeia produtiva (agricultores, indústrias, distribuidoras, comércio varejistas).
Em relação à produção agrícola em si, somente a região serrana do estado, conhecida como "cinturão verde" responde por 70% da produção interna de verduras, legumes e frutas. Os produtores orgânicos estão buscando diversificar a produção com espécies exóticas (variedades sofisticadas de alface e couve, tomate-cereja) buscando higienizar, e acondicionar os produtos em embalagens especiais e prontas para o consumo.
Juntas, as regiões Serrana e Metropolitana do Estado, locais de maior concentração da produção de hortaliças e que congregam a maioria dos produtores credenciados na produção orgânica, são responsáveis pela comercialização de cerca de 390 t de alimentos orgânicos in natura por ano no Estado, movimentando aproximadamente R$1.800.000,00. (Pesagro- Rio, 1999). No que diz respeito à dimensão social da agricultura, já existem iniciativas de se implementar um novo modelo de agricultura nos assentamentos rurais, baseado em principíos agroecológicos e que assegure a reprodução e a capacidade produtiva das famílias dos agricultures.
Entidades como o Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), o IEF (Intituto Estadual de Florestas) e UFRRJ ( Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a Embrapa, desenvolvem juntamente com o MST um projeto de Educação Ambiental nos assentamentos no estado. Projeto que prevê o treinamento em técnicas agroecológicas de manejo do solo e das lavouras, buscando preservar os fragmentos florestais e as nascentes dos rios.
Assim, considerando o passado e o presente do movimento agroecológico no Rio de Janeiro, pode-se dizer que a da Rede Agroecologia, a Câmara Setorial de Agricultura Orgânica e mais recentemente o Colegiado Estadual de Agricultura Orgânica (criado em 2000) estão buscando unir os esforços das iniciativas pública e privada, no sentido de estabelecer pólos de desenvolvimento que propaguem a Agroecologia como um novo conhecimento capaz de aumentar a oferta de alimentos orgânicos a um baixo custo, incentivando a geração de empregos e a melhoria de renda no campo (Pesagro, 1998).
Referência: Fonseca, Maria Fernanda & Campos, Fábio F. de. O estudo do mercado dos orgânicos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: PESAGRO-RIO/EENF- FINEP/FAPERJ, 1999. 150p.fotografia: as fotos são de Vieira terceiro Distrito do Município de Teresópolis, RJ em 02/05/2010- Fotos: Arturo

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